Pavão Taxidermista
Debaixo dos teus lábios rachados
Bebo o auto circense
Carregado de alegorias malabaristas
Que sustentam-se como o verão em maio
A voz de outrora suspira:
Eu já lhe disse mais de mil vezes
Jamais volte aos cuidados do boto
Em outra multiplicação, conhecido como Narciso
Paixão início, quero-te o caput
As pernas entrelaçadas nas minhas
Feito o apêndice aparentemente
Recém pincelado com a maestria de custura
Um amor dos lábios frios e azulados
Olhares perdidos em um futuro tardio
Pele perfurada por inseto, calçada de baratas
Banquete da senhora majestade de larvas
Céu avesso, vala comum
Anéis que escorregam
Peito enxerto
Adônis de taxidermia
Não beba de meus lábios em selvas tropicais
Pois moscas caçoam-te o dia inteiro
Procurando convencer-me do adultério
O romantismo delas és forjado pela onipresença
Os devaneios de corações inchados
O doutor diz-me um tango, uma vela e um trago
Uma simpatia simplista que haveria aprendido
Tal qual um rito de passagem, e eu não havia entendido
Sob esta terra que o romance lhe seja leve
Sem mim e sem os vermes em tragédia
Com Saturno mordendo os calcanhares
proclamo tempo de híbridos botos e templo