DIPLOMA DE DATILOGRAFIA

Vejo a inutilidade da inclusão,

Indesejável pra uns,

Inalcançável pra outros...

Porque o mundo dos avós terminou

Quando digitalizaram a existência,

E o novo mundo é acessível apenas

Para quem amamentou em caixinhas.

Mas há aqueles que não pertencem,

Assim como eu, há nenhum dos mundos.

Fui filho quando ser filho era ser nada

Além de um sparring com laços de sangue,

E pai quando ser pai é ser um compulsório

Mecena dos nerozinhos que pôs no mundo.

Nunca me incluirei nos grupos sociais

Não sou tão intolerante para ser raiz

Não sou tão volátil para ser nutela

Sou uma tosse estrépida numa missa,

Uma coceira bem no meio das costas,

Uma mancha escura numa folha branca,

Um furo na base de um cuador de pano...

Mas como de onde menos se espera

É que inevitavelmente não surge nada

Tenho em defesa da minha existência

Um honroso diploma de datilografia

Saulo Palemor
Enviado por Saulo Palemor em 08/01/2022
Reeditado em 08/01/2022
Código do texto: T7424857
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