DIPLOMA DE DATILOGRAFIA
Vejo a inutilidade da inclusão,
Indesejável pra uns,
Inalcançável pra outros...
Porque o mundo dos avós terminou
Quando digitalizaram a existência,
E o novo mundo é acessível apenas
Para quem amamentou em caixinhas.
Mas há aqueles que não pertencem,
Assim como eu, há nenhum dos mundos.
Fui filho quando ser filho era ser nada
Além de um sparring com laços de sangue,
E pai quando ser pai é ser um compulsório
Mecena dos nerozinhos que pôs no mundo.
Nunca me incluirei nos grupos sociais
Não sou tão intolerante para ser raiz
Não sou tão volátil para ser nutela
Sou uma tosse estrépida numa missa,
Uma coceira bem no meio das costas,
Uma mancha escura numa folha branca,
Um furo na base de um cuador de pano...
Mas como de onde menos se espera
É que inevitavelmente não surge nada
Tenho em defesa da minha existência
Um honroso diploma de datilografia