Queda livre

 

Se sinto o instinto logo sou condenado

Atirado em penhasco para uma plateia tão surda

Na queda eu grito não para ter atenção

Mas por saber que a queda foi tropeço meu

 

Sob os escombros rochosos me contorço sem forma

Do lado uma rosa; do outro oceano

Dentro de mim o aroma; por fora me afogo

E escorre na maré um pedaço de mim

 

Se levanto não ando; já que miro desfiladeiro

De um lado caranguejo; do outro meu medo

Dentro de mim tem anseio; por fora carapaça

E aporto no sal toda minha tristeza

 

Deitado,portanto, me entrego à onda

Numa dança sensual que me leva aos poucos

Lavando as chagas espalhadas nas pedras

E revelando o brio que o sangue velava

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CRISTIANO WARDIL
Enviado por CRISTIANO WARDIL em 05/01/2022
Código do texto: T7422723
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