Queda livre
Se sinto o instinto logo sou condenado
Atirado em penhasco para uma plateia tão surda
Na queda eu grito não para ter atenção
Mas por saber que a queda foi tropeço meu
Sob os escombros rochosos me contorço sem forma
Do lado uma rosa; do outro oceano
Dentro de mim o aroma; por fora me afogo
E escorre na maré um pedaço de mim
Se levanto não ando; já que miro desfiladeiro
De um lado caranguejo; do outro meu medo
Dentro de mim tem anseio; por fora carapaça
E aporto no sal toda minha tristeza
Deitado,portanto, me entrego à onda
Numa dança sensual que me leva aos poucos
Lavando as chagas espalhadas nas pedras
E revelando o brio que o sangue velava