"VIDA DE ÉBRIO".

Um ébrio passa a viver,

Bebendo para esquecer,

As mazelas dessa vida.

Perdido na escravidão,

Do vício que o oprime então,

Pelas ruas e avenidas.

Com embotada memória,

Nessa vida triste chora,

Seu consolo é a bebida.

Que lhe aquece no frio,

Nesse seu viver sóbrio,

Como uma alma perdida.

Num olhar sem esperanças,

Falta-lhe a confiança,

Que tanto lhes fez lutar.

Traz no peito a amargura,

De tão abatida figura,

Nas ruas a perambular.

Em estranho sofrimento,

Nas ruas sem aposentos,

Um pedinte sem amparo.

A mercê de uma esmola,

Porem nada lhe consola,

Nessa vida sem reparos.

Consonante a essa vida,

Enferma e combalida,

Aos poucos lhe consumindo.

Todo vigor e seus dias,

De infindas melancolias,

Pouco a pouco se esvaindo.

Com os olhos marejados,

E um semblante angustiado,

Percorre cada caminho.

Vive como um cão sem dono,

Envolto no abandono,

Com esse fardo sozinho.

Carrega sempre de perto,

As marcas dos desafetos,

Que lhe sangra o coração.

Por viver desiludido,

Um ser humano esquecido,

A vagar sem direção.

Pelos becos embrenhado,

Por tantos menosprezado,

Na cama de papelões.

Em trapos faz o seu leito,

Sem acanho e sem respeito,

Enxameiam quarteirões.

Assim os poucos amigos,

Atrevem-se a beber consigo,

As ninharias esmoladas.

Que na mesa da pobreza,

O ser farta na certeza,

De uma vida desgraçada.

As poucas horas de lucidez,

Vem-lhes a lembranças talvez,

Da família e dos parentes.

Nos enfados de desgosto,

Que lhes marcaram o rosto,

De quando um dia foi gente.

Num soluço de aflição,

Trás na trilha desse chão,

Um cidadão invisível.

Que para a sociedade,

Nunca existiu na verdade,

Foi como um elo perdido.

Assim os dias se passam,

Perdido nesse embaraço,

Tão tristonho a observar.

O transe de tanta gente,

Desfilando a sua frente,

Sente-se cansado a olhar.

Com ar de quem não quer nada,

Persiste a infinda jornada,

Na vida perambulando.

Sem parada e sem destino,

Na vida de peregrino,

Vai os seus dias gastando.

Sorvendo de tristes ais,

Nesse vicio contumaz,

Definha nas madrugadas.

Pobre ébrio se esconde,

Esquece até de seu nome,

Nessa lida sem paradas.

Até que enfim chega o dia,

Que a morte lhe acedia,

Onde nenhum pranto ecoa.

Na tumba como indigente,

Foi-se o ébrio infelizmente,

Descrito como pessoa.

Cosme B Araujo.

14/12/2021.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 14/12/2021
Código do texto: T7406922
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