Falsidade Ideologica
Blog Dominus Vobiscum, 2010.
Quem és tu,
Afinal,
Para além do viver banal,
Das personagens que interpretas
No trabalho,
Das contas a pagar, e seus sacrifícios,
Dos "ossos do ofício"
Da resma de tempo que te sobra
De tudo isso...
Quando podes ser, tu mesmo,
Afinal...?
Podes? Ou assim finges?
Te iludes com as coisas em volta:
Os livros, poucos lidos,
Os vídeos, imagens esperando serem vistas,
Teus heróis dos gibis, que eventualmente,
Te fazem companhia
E superam por ti teus fantasmas
De agonia...
A casa cheia, que por vezes parece vazia,
Diante do vazio do teu peito...
Um mundo perfeito
No qual és alienígena...
Mas, pergunto,
Foste tu que escolheste o que queria?
E, das tuas escolhas, deixaste lugar
Para a consciência
De tua própria essência,
Tua identidade?
Não necessitas responder...
Essas pesadas correntes,
Que arrastas ao redor de tua alma
São minhas respostas...
(Lamento, não adianta contemplar as águas,
Almas não podem afundar em rios...)
E assim segues, nesse palco da vida
Desempenhando teus papeis
Pobre acorrentado Prometeu!
Mesmo que nenhum deles, seja de fato,
Teu verdadeiro Eu...
E constatas que,
Contrariando a Natureza,
Todo o bom senso,
E a perversa lógica
És, nada mais, nada menos,
Que uma secreta falsidade ideológica...