Inquietação.
A alma inquieta
o coração dilacerado desperta
e no olhar
a última derradeira lágrima
que vai
esvai
que consome
que some, de repente
sem deixar vestígios
e na ressequida terra
de duro chão
ela morreu
e a lágrima perdida
esquecida
nunca mais retornará
e os olhos que a chorou
apenas angústias
da hora fúnebre
presa no peito.
A lágrima é de quem escreve,
de quem cria
derrota e consome
revela
esconde
a revolta
a volúpia
lágrimas de dor e solidão
dor do amor
dor do desejo
da intenção
dor da própria dor
mas este poeta
insano ser
decidiu não mais chorar por fora
apenas por dentro
todos os rios possíveis
derramando infinitamente
nessa alma de papel
riscada em versos tortos
um descomunal amor que não lhe amou.