Inquietação.

A alma inquieta

o coração dilacerado desperta

e no olhar

a última derradeira lágrima

que vai

esvai

que consome

que some, de repente

sem deixar vestígios

e na ressequida terra

de duro chão

ela morreu

e a lágrima perdida

esquecida

nunca mais retornará

e os olhos que a chorou

apenas angústias

da hora fúnebre

presa no peito.

A lágrima é de quem escreve,

de quem cria

derrota e consome

revela

esconde

a revolta

a volúpia

lágrimas de dor e solidão

dor do amor

dor do desejo

da intenção

dor da própria dor

mas este poeta

insano ser

decidiu não mais chorar por fora

apenas por dentro

todos os rios possíveis

derramando infinitamente

nessa alma de papel

riscada em versos tortos

um descomunal amor que não lhe amou.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 25/11/2021
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