Diário de um miserável

Se algum dia fui feliz

Esqueci de tirar foto.

Já não importa

Provavelmente os canários que cantaram esses dias

Já devem estar mais do que mortos

Rogo para o tempo devolver o jovem coração

Que um dia me emprestou

E com tanta voracidade me foi tirado

Talvez haja alguma tinta ainda naquele tinteiro

Para colorir o arco-íris.

(As moças não podem mais usá-lo de corda bamba)

Tomei um bom vinho ontem acompanhado de nem tão boa conversa

Suas pernas eram longas e de sapatos pontudos.

Engraçado!

Saiam apenas palavras curtas de sua boca.

Seria esse o tal do paradoxo?

Qualquer dia irei pintar um quadro para ela

Não sei o seu nome mas meus dedos ainda cintilam de suas curvas

Espero que o tempo lhe seja gentil.

Não remova o fio de cabeça tão tola.

Tudo que me sobrou foi um chapéu velho

Única herança dada

Acho que a sorte é genética.

E o chapéu me veio rasgado.

Mesmo assim não o tiro da cabeça

Tenho medo que um tijolo qualquer me atinja a cabeça.

Herança de pobre

É prosa

É história

É cavalo de Tróia

Há muito devia ter ouvido os conselhos

“por que não cresce e faz inglês”

Estupido que fui.

There is anything more mature

More fancy

Then a porr.

Só foi me dada uma chance nesse mundo

Mas não há muito o que fazer enquanto se caça fruta estragada.

Não se engane, sou o Bicho de Bandeira.

Não sou por isso um egoísta

Todos temos nossas dores

Todavía todo angustiado

É mais macio em colchão aveludado

Fazem dias que não compro um calendário

Espero que não seja dia de festa,

não tenho dinheiro para smokings

nem amizades.

André M Carneiro
Enviado por André M Carneiro em 25/11/2021
Reeditado em 25/11/2021
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