A CANÇÃO DAS MOÇOILAS PERDIDAS
Nesta floresta estamos perdidas
Somos gazelas no mato a chorar.
O que fazemos de nossas vidas
É um desastre que nos faz pensar.
Mas qual o tempo? e que refletir?
Se a floresta é densa, o medo corrói?
Somos apenas sombras de um existir
Que o povo da urbis com prazer destrói.
De braços dados com a desesperança
Aos homens, os corpos, emprestamos.
Qualquer trocado para a gastança,
Nos faz escravas, nem sequer amamos.
Estamos soltas à noite pelas pradarias
E enquanto a lua sobe no firmamento
Cavalgamos montes e por outras vias
Não temos porvir só este momento.
Somos romance aberto, que ninguém lê;
Temos vidas expostas em iminente dor;
Almas conturbadas que o mundo não vê;
Falta-nos compreensão e também amor.
No meio da floresta, olhos nos observam
Armam emboscadas, querem nos pegar;
Os galhos açoitam, temores enervam
Em sequidão ficamos; já não há sonhar!