LAMENTO DE UM POEMA
Um meu poema se queixou lamurioso
Que os versos que o compõem tristes
Nāo são o que mais desejava, alegria
Era o que ele de mim então esperaria.
Respondi que nascem expontâneos,
Apenas com a minha ajuda no parto
Para não sofrerem de muitas dores
E serem bem acolhidos de amores.
O poema não contente me ameaçou
Que os próximos versos serão seus,
Eu não poderei interferir, nos céus
Eles se inspirarão e de mim abdicou.
Fiquei quieto para eu ver o resultado,
De tanta arrogância do meu poema,
Não conseguiu que o estratagema
Que adotara seria simples teorema.
Acabei pois de ser eu a acabá-lo,
Com muito custo ainda consegui,
Deu-me trabalho a aperfeiçoa-lo,
Só um poeta faz o poema de raiz.
Ruy Serrano - 23.10.2021