Banal e irrelevante
Com você eu danço
salsa em casa,
tango em Buenos Aires,
um funk no Rio
e aquela música da Pablo.
E se a gente marcar
nosso casamento pra algum dia,
e um rolê pra amanhã?
E se eu me declarar pra você,
só mais um milhão de vezes?
E escrever um poema inédito,
inspirado nos que eu li
pensando em nós?
Talvez eu pinte um quadro seu,
mesmo sem nunca ter pintado nada,
que não fosse a parede da sua sala.
E se você tivesse me visto como eu te via?
Talvez se eu largar o casaco
que você me deixou segurando
enquanto ia embora,
largaria a angústia de não ter você comigo
e seguiria adiante.
Sua lembrança me atormenta nos domingos à tarde,
e em tantos outros dias banais e irrelevantes.
Esse poema, por acaso,
não era sobre você,
banal e irrelevante.