NĀO SOU NADA
Sinto que não sou mesmo nada,
Neste mundo egoísta e insólito,
Em que só tem voz e projeção,
Quem for descarado e aldrabão
Eu por educação e sensibilidade,
Não me revejo neste mau mundo,
Por me sentir um mero vagabundo
Sem eira nem beira, pura verdade.
Ninguém me dá atenção e ouvidos,
Acham que não tenho o interesse
Que é desejável para poder julgar
Quem for de má índole para matar.
É triste saber que existo e nunca
Serei alguém, sendo mesmo nada,
Não fazendo a vida algum sentido,
Correndo o risco de ser despedido.
Não sou nada e nunca nada serei,
É a minha triste sina, fora da lei,
A vida assim não tem interesse,
Nem que eu ainda emagrecesse.
Ruy Serrano - 22.09.2021