O Ateu
O Ateu
Eu ateu! Quem disse isso?
Apenas conheço a verdade que todo homem deveria conhecer.
Afinal qual é a verdade?
Alguém poderia me dizer?
Por que deveria acreditar em deus se deus nunca fez nada por mim.
Vim da matéria e à matéria voltarei.
Nasci, vivi e vou morrer, e que sentido tem isso a não ser,
Nascer, viver e morrer.
A Igreja prega uma religião,
A qual seus pregadores não seguem.
A Igreja é uma instituição falida,
Também não estou no período medieval.
A minha religião é não ter religião,
Eu sou a minha própria crença.
Creio em mim e em minha capacidade,
Não creio no que não posso ver.
Se um livro me prega boas maneiras,
Outros me ensinam a verdade.
Qualquer um poderia escrever um livro,
Todos têm inteligência.
A família não é tida como modelo,
A vida passa como o tempo.
E o que é o tempo se não a morte,
Morrer é voltar à matéria.
Quem sonha com a eternidade,
Não sonha muito não, pois a eternidade é viver.
Eu vivo para morte, não para vida.
Viver nada mais é do que viver.
E o que existe de misterioso nisso?
“Morrer é termos a certeza de que vivemos”.
E viver é termos a certeza que nascemos,
Nascer é ter a certeza de que morreremos.
É o ciclo da vida,
E quem tem medo da morte não precisa ter mais.
A morte é nossa melhor amiga,
Encare-a como fato, não como fatalidade.
Se eu morresse hoje,
Morreria feliz, afinal morrer é o fim.
O fim da dor e do sofrimento,
Causados pelas desigualdades sociais.
A ganância do homem destrói tudo,
O capital compra o mundo.
A guerra è tida como paz,
E a vida é vendida para a morte.
Se deus existe por que permite que isso aconteça?
Com certeza as religiões tem a explicação,
Afinal elas têm para tudo.
E escondem as verdades abomináveis.
O capital compra as religiões,
E as religiões se movem a capital.
Por que iria eu acreditar em um livro,
Se a verdade está diante dos meus olhos.
Aqueles que se dizem religiosos,
Não vivem a religião como mártires.
Alias mártires não existem,
Existem homens cansados da política que rege o mundo.
Então porque eu seria ateu?
Apenas creio na minha religião.
E o meu deus abusa da sorte,
Não quero parecer incrédulo,
Mas só acredito na verdade.
Até que me provem o contrário.
Serei eu o que a vida determinar,
Por que a vida não é só nascer,
É viver e morrer.
Faça sua própria experiência,
Funde sua própria religião.
Acredite no seu próprio deus,
Que os demais abusam da fé.
Sou eu meu próprio deus,
Sou eu a minha própria crença.
Creio no que sinto e vejo,
Não no que me falam.
Se quiseres ser feliz,
Não procure a felicidade eterna.
Pois essa e outra que também não existe,
O que existe são apenas momentos felizes.
E faça desses os melhores da sua vida
Por que eles jamais voltarão.
Por que a vida se resume toda,
Naquela que é o sentido de vivermos, a morte
Até que me provem o contrário essa será minha crença,
A crença que todos deveriam crer.
A crença de acreditar em suas próprias crenças,
E não nas que lhes impõem.
Quero eu parecer um descrente?
Não eu não sou descrente.
Sou crente e creio na verdade,
Se a verdade é velada,
A minha poesia não,
Se eu quisesse acreditar em alguma coisa.
Além das que conheço, creria no amanhã,
Pois esse eu tenho certeza que virá.
Um deus que não me aparece,
Não merece ser crido por mim.
Pois a religião é os olhos do mundo,
E o mundo contradiz a religião,
Quero morrer como morrem os poetas,
E na lápide da minha sepultura será escrito:
Foi poeta “amou a vida e odiou o mundo”,
‘E partiu de encontro com a matéria’.
Dizem que os poetas vêm além do que se pode ver,
É a mais pura verdade.
Eles vêm e sentem as doenças do mundo,
E o mundo os ignoram e os chamam de loucos.
Loucura é viver na ilusão,
Cego diante da verdade.
E se a verdade existe,
É porque eles mentem.
Por que “acreditar em Deus é desobedecer a Deus”
Por que se ele quisesse ser crido nos apareceria.
Por isso creio em meu Deus, que é real,
É minha crença, nada mais que a verdade.
Adriel Gael