Cinzas mentirosas...

Minhas cinzas nasceram de mim

antes que qualquer fogo me queimasse

e distraído eu me admirasse

relembrando narcísicas viagens

que fiz para dentro de mim mesmo

entre as faíscas dos meus desejos

batendo à porta doutras minhas almas.

Tudo era a minha imagem

entre os retratos de minhas réstias,

entre as sombras de tantas festas

que me ofereciam as asas do meu anjo.

E atiçado, queimava-me o coração

deixando-me o peito em lavas

e a pele quente e afobada

vomitando aquecida em brasas,

ardidas brasas de desilusões,

ao sentir as emoções,

como se fosse tudo verdade!