PÁSSARO SEM ASAS

Eu nunca mais quero amar de novo...

Jamais sofrerei por outro ser

Que quanto mais vida lhe dou

Menos luz há em meu agônico escurecer

Não há paisagem deslembrada em meus olhos

Não sei de onde venho sequer pra onde vou

Pássaro que muito voou

Esqueceu do supremo ninho...

Só há garras no fulge do peito

Suas uvas secaram e empedraram

Antes de serem pisoteadas ingurgitaram-se

Precipitaram-se na mutação do abismo

De um desfiladeiro vagaroso

E quedaram-se por seios orgulhosos

E se fizeram ácidos azinhavres

Vinagres que de travosos

Não podem nos arrotos salutares mais voar...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 24/08/2021
Código do texto: T7327164
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