PÁSSARO SEM ASAS
Eu nunca mais quero amar de novo...
Jamais sofrerei por outro ser
Que quanto mais vida lhe dou
Menos luz há em meu agônico escurecer
Não há paisagem deslembrada em meus olhos
Não sei de onde venho sequer pra onde vou
Pássaro que muito voou
Esqueceu do supremo ninho...
Só há garras no fulge do peito
Suas uvas secaram e empedraram
Antes de serem pisoteadas ingurgitaram-se
Precipitaram-se na mutação do abismo
De um desfiladeiro vagaroso
E quedaram-se por seios orgulhosos
E se fizeram ácidos azinhavres
Vinagres que de travosos
Não podem nos arrotos salutares mais voar...