Por onde ando não há razões sensatas para se conhecer.
São caminhos desnudos dos óbvios da vida.
Tenho medos e não devo expressa-los.
Tenho amores mas não posso entrega-los.
Minhas estradas são íngremes e espinhentas.
Meus pés descalços levam-me ao nada.
Ora sou fera ora sou cordeiro.
Das lavouras de alegrias sou o espantalho.
Ego controverso, estou sempre pronto a servir.
Aos senhores das trevas ou aos anjos de luz.
Aqui e acolá.
A quem se interesse, tenho dores a ofertar.
Jogral de mim mesmo, de há muito despi meus fatos.
De ricos tecidos e finos aromas.
Para quem sofre tenho elixires sutis.
Extraídos das presas das serpes.
Curam ou matam.
Vai do querer.
Mas, nem sempre foi assim.
Outrora cantei com os pássaros e vivi com os puros.
Repousei em berço alcandorado.
Adormeci em colo de rosas.
Provei de lábios únicos o mel do amor perfeito.
Fui rei e súdito de uma só terra.
Com lares abençoados pela paz e fraternidade.
Eis, porém que, quando se tem fraco o espírito.
Se tentado ao extremo, sucumbe à inveja e à luxuria.
De amigos à inimigos, inexiste distância para a insensatez.
Assim, quedei-me traído e execrado por tudo e por todos.
Lançado na arena da calunia e da injuria, busquei o exílio.
Por isso e por certo, sou o que sou.
Caminhante do tempo, aguardando seu momento.
De seguir novo roteiro ou retornar às origens.
Para amar e perdoar. Ferir ou vingar.
Como bem o desejarem os fados da reencarnação.