“ O VELHO PENSADOR ”.
Quanto mais o tempo passar,
Mais o mundo perde a graça,
Rezinga velho pensador!
Com os seus olhos mareados,
E os seus cabelos grisalhos,
Como provas do labor!
Em um canto a resmungar,
Passando a se lamentar,
Por tudo que aconteceu!
As frágeis pernas cansadas,
Das causticantes jornadas,
Nos anos que aqui viveu!
Passa o tempo a olhar o céu,
Mas como se tivesse um véu,
A embaçar frágil visão!
Onde as nuvens de tristezas,
Suplantam lhes as belezas,
Perdem-se na imensidão!
Seu rosto já cheio de rugas,
Com as mãos o choro enxuga,
Na horrenda solidão!
Balbucia de alguns sinais,
Que até nem servem mais,
Pra consolar-lhe o coração!
Seus trajes esmolambados,
São testemunhos embasados,
Pelos anos de vivencias!
Que agora lhes cobra o juro,
Deixando-lhes em apuros,
Mesmo tendo experiência!
Com os pés cheios de calos,
A boca com dentes falhos,
Homem de fraca feição!
Com um porte sem belezas,
Aumenta-lhe mais a tristeza,
Numa estranha comoção!
Assim um tanto encurvado,
Apoiando-se no velho cajado,
O seu mais fiel companheiro!
Que o sustem manquitolando,
Com esforços se equilibrando,
Fibra de velho guerreiro!
já quase surdo os ouvido,
Enfraquecem lhes os sentidos,
Mantendo viva a memória!
Das coisas que o cercaram,
E que tantas lhes custaram,
Pobre velhice inglória!
já, lhes são fracas as mãos,
Que mal sustem o bastão,
Socorrendo-lhe nos tropeços!
Já frouxos nervos e tendões,
Sem ânimos ou aptidões,
Ver-se assim tudo no avesso!
Vivendo de cabeça baixa,
Nada mais na vida encaixa,
Vive esmagadora agonia!
Lamenta por ser triste assim,
Tudo que viveu chega ao fim,
Partindo daqui sem valias!
Cosme B Araujo
26/07/2021.