O Velho Cais
É tanta gente chega e que vai
Em navios ou barcos e outros mais
É gente chorando quando a embarcação sai
São tantas histórias cunhadas nesse cais
É gente que volta, porque perdeu a esperança
E gente que vai, em busca de guerra ou paz
No cais sempre há uma mudança
Todos os sentimentos são conjugados ali
Choros, risos e preces de filhos e pais
Saudades ou foguetes pra quem vai partir
Lembrança dos que chegam, pra quem vai o medo
Reencontro e desencontro de velhos amores
O velho cais conhece cada segredo
O roteiro é o mesmo, independente dos atores
O velho cais parece não ter sentimentos
Não fica alegre com poesias e cores
Será que já ouviu muitos lamentos
O velho cais, perdeu suas flores
Sofre com o descaso e o acaso de qualquer vento
Cachorros da madrugada lhe fazem companhia
Seu farou deixa o marinheiro atento
Enquanto não chega o novo dia
Que pro velho cais, já não importa a rotina
Pois só quer cumprir seu papel
Já reconheceu sua sina
Ele só serve, porque ainda tem algum valor
Não recebeu mais as visitas daquela menina
Que tanto nele já brincou, e um dia teve amor
O bem estar do Cais não interessa
Pois, e ferro e concreto. Um objeto
Assim o tempo vai lhe corroendo sem pressa
Será jogado pro escanteio, quando inativo