Sem Final feliz
Meu caminhar sempre foi sofrido
Mesmo antes da minha concepção
Minha mãe com o peito ferido
Tentou outra vez, uma grande paixão
Embarcou em outra história
Pensando que tudo seria diferente
Deixou pra trás velha memória
Pra viver, o então agora presente
Fez seu papel de mulher
Gerando e por vezes dando a luz
Representação que a sociedade quer
Mas, que vezes grande mal produz
Logo o castelo foi caindo
Sociedade machista, a culpa era da mulher
Embora a outra árvore, espinhos vinha produzindo
Mas, as frutas já estavam no pé
Maria, Maria teu destino era sofrer
Toda primeira e segunda situação
A jogou num abismo, que ninguém podia ver
Em meio a uma vida de loucura e razão
Lutou pra não perder sua(s) joia(s)
Procurando abrigo entre amigos e parentes
Nesse mar, tinha esperança de uma boia
Porém, parece que as pragas eram evidentes
Começava ali uma triste sina
Que seria vista, por muitos na estrada
Pois, era uma continua rotina
E não havia destino ou parada
Triste realidade, que não há como entender
Uma mãe e quatro proles, sem rumo
Trouxas nas cabeças, era triste só de ver
Pra cima e pra baixo, é o breve resumo
Depois de anos nessa, o Estado interveio
Para o bem ou para o mal, realmente eu não sei
Pois, ali a separação logo veio
Em três fomos divididos, na Febem já andei
Sim, sem ter cometido crime algum
Fomos pra um depósito ou abrigo
Lá éramos apenas só mais um
E o Estado não está nem aí contigo
Quem sabe o que o futuro pode guardar
Viram que eu era diferente
De ajudante de pedreiro comecei a trabalhar
Me livrei da algema e da corrente
Trabalhava o dia e voltava a noite
De ônibus comecei a andar
Sem saber ler, peguei o ônibus errado, açoite
Longe eu fui trabalhar, pegava outro ônibus pra voltar
Um dia dentro do ônibus, reconheci minha tia
Chamei-á pelo nome, ela olhou
Chamei de novo e disse: sou eu tia
Contei-lhe a história e logo ela chorou
Perguntaram a ela, qual mal eu havia lhe feito
Ela respondeu: e meu sobrinho. e mais não pode dizer
Pois, nossa situação lhe apertava o peito
No domingo ela foi nos ver
Provou que tinha laços e de lá, nos tirou
Quatro anos vivi com minha tia
Já nossa mãe, quem sabe por onde adou
Eu, tão sem rumo e distante. O que faria?
Depois, de anos o gavião lá pousou
- Olha como meus filhos já estão crescidos
Meu irmão mamava, quando ele viajou
Agora, meu irmão já emitia seus próprios gemidos
De repente, éramos uma família de novo
Porém, tinha alguém desconhecido
- Teu pai chegou, era o falar do povo
Conviver com minha tia, tínhamos aprendido
Então, todos fomos morar com ele
Já, no segundo ano morando junto
Fui pra escola e não voltei mais, as vezes, algo repele
Não demorou, meus irmãos se tornarem o mesmo assunto
Aos dezesseis comecei a estudar
Tentando sem rumo, talvez ser alguém
Ou mesmo sem saber, minha história mudar
Cheguei onde não podia imaginar
Em história me formei, passei em dois concursos
Meus irmãos não tiveram a mesma sorte
No Maranhão ser servo, é a favor os discursos
Eu estou no Amapá, gostei do Norte
Pra nossa família, as coisas iriam piorar
Três dos cinco que éramos, perderam a razão
Um já morreu, com Deus talvez foi morar
Dois vivem uma vida de vegetação
Eu também trilhei o caminho da alucinação
Nas drogas e por último o alcoolismo
Já me levaram um emprego e vezes a razão
Talvez de tanto olhar, tentei pular no abismo
Minha irmã que tem o corpo e a mente sâ
Encontrou todas as respostas em Jesus
Creio que sua caminhada não seja vâ
Pois, Alguém lhe ajuda a carregar a cruz
Minha mãe também já faleceu
Foi melhor, pois, já não vivia nesse mundo
Se mudou pro imaginário, tanto que sofreu
Tudo que restou, não dá pra guardar no fundo
Meu pai continua vivo, também teve dores
Tragédia pré destinada, leram seu passado
Sua juventude foi na roça, velhos atores
Agora vive de lado em lado, aposentado
Ah, minha mãe teve um filho, que nunca tinha revelado
Quando o conheci, já tinha vinte anos
A razão, é que ninguém queria mãe solteira do lado
O machismo justificativa seus enganos
Ele também teve uma triste e trágica história
Eu tinha nove anos, quando o conheci e o deixei
Aos trinta resolvi resgatar no Facebook velha memória
Então soube pela minha cunhada, com quem falei
Que ele havia ficado doente, pasmem, da razão
E isso, ainda não era tudo, seu filho também
Logo pensei, será eu o próximo a viver na ilusão
Minha mãe, e três irmãos e um sobrinho além
Ele morreu em consequência do remédio
Ainda somos quatro, sem saber do nosso fim
Que Deus nos ajude, a não pular de um prédio
Como sepultar tanta História ruim
Todos nos tivemos nossos filhos
Aos trancos e barrancos vamos vivendo
Eles são nossas âncoras e vezes trilhos
Ainda há tanto, que não estou dizendo
Vou terminando a narrativa por aqui
Ainda tenho muito pra contar, mas é o fim
O que contei foi só o que eu vi
Meus irmãos também tem suas histórias afim