“O DOCE AMARGO”

Vem como um fogo,

E estranho jogo,

Toma nosso ser!

E como agraciado,

E tão concentrado,

Tentando se conter!

Assim tudo é alegria,

E em doce magia,

Vibra o coração!

Quando enamorado,

É por fim tomado,

De meiga ilusão!

Então vai crescendo,

E o ser fortalecendo,

Com tal sentimento!

Vem nos invadindo,

A tudo consumindo,

De fora pra dentro!

Uma coisa estranha,

Com força tamanha,

Quer nos controlar!

Vem-nos a ansiedade,

Sem pudor invade,

Em todo o lugar!

E aquele ser afortunado,

Que antes agraciado,

Põe-se a se lamentar!

E assim o sonho dourado,

Toma um tom mareado,

Pondo-se a chorar!

E a então doçura,

Veste-se de amargura,

Ao nosso interior!

Que nem compreende

E sem querer se rende,

Ao amargo sabor!

Assim aquela vida,

Que antes florida,

Cheia de encanto!

Torna-se tão sombria,

Amarga e vazia,

Movendo-se em prantos!

E os milhões de beijos,

Repletos de desejos,

Vão se desfazendo!

E o ser se transforma,

Toma nova forma,

Aos poucos morrendo!

Todas as vaidades,

Que a cruel verdade,

Tentou combater!

Mostra-se realmente,

Aos olhos patentes,

De quem não quis ver!

Um tanto acabrunhado,

O guardião soldado,

De nosso intelecto!

Cheio de desgostos,

Abandona o posto,

Com tal desafeto!

E a tristonha alma,

Curva-se as carmas,

Em triste agonia!

Só restando apenas,

Em memoria as cenas,

De uma vida vazia!

Cobrando seu preço,

Deixou tudo avesso,

E de escuro o céu!

E a doce ilusão,

Transformou-se então,

Em taças de fel!

Cosme B Araujo.

23/06/2021.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 24/06/2021
Código do texto: T7285947
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