Cântico de saudade

Teus dedos ao piano

Não escondem o teu rosto

nem desfaçam o teu riso

ao dizer que de ti preciso.

Já cansei de esperar

que as memórias lembrem a ti

do que fomos. Tornamo-nos

sem sentido. Um silêncio

que é de um e do outro.

Se o tempo um dia nos foi grato,

hoje é a tortura dos nossos passos.

Passam horas sem sentido

e o que sinto é meu castigo.

Não valem os versos que faço,

não compensam seu atino.

Já não sei o que eu faço,

se nada faço, eu não existo.