#8

é o maldito peso da existência

diabos, é mais pesado tudo.

te exige um esforço tão descomunal que

as vezes você sequer consegue respirar

é mais pesado que os membros dos amputados

mais pesado que o prato dos famintos.

bem, não importa. são uma e quarenta da tarde

e o vento sopra calmo e irreverente, tudo tão

sistematicamente quieto, exato, igual.

deve ser o peso, maldito peso – penso – tão pesado

que imobiliza, sufoca, te mata.

são uma e cinquenta da tarde. os passáros voam livres

as nuvens voam livres

mesmo os malditos aviões, voam, não tão livres

mas eu não.