Coração de Plástico
Encarnado nessa peça
Composto por madeira e pregos
A condução como meio
Feitio turbulento e decorativo
Eu sou como os olhos vertiginosos
Das tuas bonecas de plásticos
Envelhecidas e sem olhos
Em vestes completamente mofadas
As pernas são espantalhos
Olhando turvos contra
A ambiguidade de tuas carícias
Que me fere e gasta no púlpito
Cada frase é um eco repetido
Apreendido de enxertos
Em como se livrar das visitas indesejadas
Neste momento, me perdoe, estou burocrático
A isca para curiosos, o pronome das bestas
E o que diga, metade paisagismo
Todo o resto nomes impróprios
Que nos trazem sorrisos amarelados
Eles lhe querem, eles lhe preferem
Sua carne, sua voz, sua genética
Sua fama, sua fome, sua fantasia
Seu idioma, suas mentiras, sua morte
O poder rogando pudores
Em nome de um deus opaco
Em cima de meu nome
Na previsível virtude do inimigo
E eu devo odiar as duas faces
Provar pétalas e sangue
Costura-las em meu suor
Impondo a prudência e o horror