DEIXADO
Eu ainda ouço seus passos pelo corredor
Seu suspiro quando corria apressado
Lembro do silêncio tranquilo e terno
De um amor longo para você dedicado.
Do que ficou falta sempre um pedaço
Havia um pacto de vida velado
Eu não teria rompido
Seu lugar era intacto.
Mas eu senti quando soltou minha mão
E você nunca ouviu meu suspiro magoado
A cada beijo escondido com ela
Ecoava meu choro mais profundo.
E tudo em ruína… eu em pedaços
Seu ímpeto egoísta resoluto
Nós unidos tínhamos tanto
Escolhas… más… cacos!
Como me feriu
Como me hunilharam seus atos
Não agi tão diferente
Fui também vil… é fato!
Entre meu pesar e pena
Uma nuvem de lucidez
Eu jamais teria iniciado esse jogo
Nunca teria ter deixado.
Olho para o que senti por você
Sinto dor por eu ter me enganado
Há um punhal ainda no peito
A marca de um amor dilacerado.
Foi o final de nós dois
Asas à nova vida transformada
Era para sermos nós dois
Em uma noite
Após anos de cumplicidade
Sentados na varanda
Mãos entrelaçadas e antigas
Com olhos postos um no outro
Certos de termos conquistado sonhos
Criado os nossos e serenos ao findar a vida
…
Contudo nada disso teve valor
Bastou você ver outros olhos
Quis segurar outras mãos
Viver outra história
Foi assim nossa partida.
Então ... também caminhando vou
Encontros e desencontros
Chegadas e despedidas
Em mim ainda há uma utopia
Entregar a outro o que foi seu
Sem medos e nunca mais pranto
Só ter alguém que ao segurar minha mão
Nunca mais solte
Nunca vacile
E que sentado ao meu lado
Após o passar dos anos
Tenha certeza de cada escolha
E num beijo de olhos fechados
Entregue o abraço que faz valer a vida.