MALOGRO DO TEMPO

O vento rompe o silêncio

Mas não estas algemas

Seca os olhos o lenço

E a vida resserena

Nada incólume se conserva

Se por muito for guardado

No tempo que posterga

Enferruja até cadeado

A sorte é como pingente

Cada qual leva no peito

Onde o para sempre

Só ludibria o leigo

A areia que escorre pelas mãos

E não constrói aquele castelo

Não passa da constatação

De que estou mais velho

E o lastro que me sustenta

Não aparece nesta escuna

O que não provam é lenda

E contraditório é espuma

O amanhã é incerteza

Um poço sem fundo

Uma vela acesa

E um defunto

Heloi Lima
Enviado por Heloi Lima em 21/03/2021
Código do texto: T7212753
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