MALOGRO DO TEMPO
O vento rompe o silêncio
Mas não estas algemas
Seca os olhos o lenço
E a vida resserena
Nada incólume se conserva
Se por muito for guardado
No tempo que posterga
Enferruja até cadeado
A sorte é como pingente
Cada qual leva no peito
Onde o para sempre
Só ludibria o leigo
A areia que escorre pelas mãos
E não constrói aquele castelo
Não passa da constatação
De que estou mais velho
E o lastro que me sustenta
Não aparece nesta escuna
O que não provam é lenda
E contraditório é espuma
O amanhã é incerteza
Um poço sem fundo
Uma vela acesa
E um defunto