Distante
Nesta mesa larga, largada a comida esfria
Tilintares da prataria, fazendo triste sinfonia.
Gotas molham a toalha, desbotam meu cuidado
E você não percebendo o quanto estou cansado.
Teu olhar procura algo, não em mim, mas distante.
Um forte aperto no peito aflige-me em vida, constante.
Será que percebeu as flores que deixei sobre nossa estante?
Embora fria a noite, mais dura é tua pele, gelada como mármore.
Entre nós numa cama, somente a saudade de amar-te.
Tão pouco notou a mim, na mesa ou na estante.
Tolo eu que não notei, meu amor não foi vigilante?
Me levanto embriagado, pela falta do teu calor
Posso ver pelo reflexo do espelho, o que um sorriso lhe arrancou.
Uma alheia notificação, confirmava minha dor.
A tela clareava as palavras apaixonadas:
“Obrigado por hoje. Boa noite meu amor”.