Como você saiu da minha vida
Eu me apaixonei pela ideia de você
e acho que é isso o que os poetas fazem.
Meu amor por você era mais bonito
quando platônico.
Mas eu não te culpo.
Eu idealizei alguém que não sei se existe;
pra mim, não existe mais.
Seu eu platônico quebrou meu coração
tantas vezes, que nem sei se um dia serei
capaz de reconstruí-lo como era antes.
Mas talvez isso seja bom,
dessa forma, não criarei mais nenhuma
personalidade sua que não existe para me machucar.
A realidade me atingiu como um muro
no meio de uma estrada, comigo dirigindo
em altíssima velocidade.
Meu senso de direção sempre foi horrível.
Se não for pra corresponder minha vontade
na mesma intensidade,
eu preferia nunca ter mergulhado tão fundo
na minha idealização sobre você.
Agora, terei que voltar ao meu espaço seguro
no qual a entrada de ninguém é permitida,
um espaço escuro em que eu me permito
des
mo
ro
nar.
Olhos marejados foram constantes anseios
por saber o que havia de errado comigo.
Não havia nada de errado.
Você me arrancou mais lágrimas do que
eu posso contar
e fui eu quem as sequei.
Sou sempre eu sozinha no final do dia.
Há uma parte de mim que talvez fique
apaixonada por você pra sempre,
mas eu sei melhor agora do que
me permitir sofrer por algo que só aconteceu
dentro de mim.
Eu sempre priorizei sensações a sentimentos,
porém, foi o contrário com você
e agora terei que lutar para
expulsar esse sentimento de mim,
guardando as partes boas sobre você
e torcendo pra nunca mais cair nessa armadilha.
Terei que me acostumar com a ideia
de não te ter mais por perto
e ser capaz de me perdoar por sentir
tudo demais.
Eu sabia que a cronologia me trairia até aqui
e me joguei na estrada, ignorando os obstáculos.
Você, agora, me rendeu algumas memórias bonitas
e muitos versos adorando sua idealização.
Consegui cessar as lágrimas agora, neste verso.
Meu coração agora só bate por mim mesma
e deveria ter sido assim desde o início.
Foi isso o que você me causou.