Feira dos sentimentos: descobertas
Hoje mais cedo visitei uma liquidação.
Fui comprar um sentimento a preço módico.
Mas confesso que o meu gosto é metódico,
E foi difícil convencer meu exigente coração.
Fui diretamente para a barraca do amor.
Mas ele estava absorto e ensimesmado...
Então olhei pra a esperança ali do lado,
Mas, infelizmente, de esperar tenho pavor.
Mais adiante vi a bela barraca da alegria.
Pensei que fosse adquiri-la no momento.
Mas ela disse precisar de mais um tempo,
Pois sua alquimia precisava da euforia...
Fui até a barraca onde estavam os desejos...
Sobre a mesa vi uns sonhos espalhados.
Então os mirei com os olhos esbugalhados,
Pois ao vê-los senti todos os meus pejos.
Mais à frente avistei o estande da tristeza.
Que se agitava na mais curiosa liquidação.
Cheguei até lá e então prestei mais atenção.
E vi que ofertava a saudade e a incerteza.
Com seu gentil atendimento especializado,
De quem conhece o potencial comprador,
Pois já carrega estampada a própria dor,
E com um crachá se faz logo identificado.
Fui atendida e me vi com as mãos cheias
De sacolas transbordantes de lamentos.
É que na feira dos saudáveis sentimentos
Ninguém liga pr’as necessidades alheias.
A indiferença também me virou as costas.
Até mesmo o ódio me olhava amaldiçoando.
A fé me observava como que se lamentando.
Só a tristeza foi que me fez suas propostas.
E eu aceitei porque em termos de ofertas.
O que você quer quase nunca está à venda.
O que não quer já lhe é dado em oferenda.
E são estas as minhas tristes descobertas.
Adriribeiro/@adri.poesias
Hoje mais cedo visitei uma liquidação.
Fui comprar um sentimento a preço módico.
Mas confesso que o meu gosto é metódico,
E foi difícil convencer meu exigente coração.
Fui diretamente para a barraca do amor.
Mas ele estava absorto e ensimesmado...
Então olhei pra a esperança ali do lado,
Mas, infelizmente, de esperar tenho pavor.
Mais adiante vi a bela barraca da alegria.
Pensei que fosse adquiri-la no momento.
Mas ela disse precisar de mais um tempo,
Pois sua alquimia precisava da euforia...
Fui até a barraca onde estavam os desejos...
Sobre a mesa vi uns sonhos espalhados.
Então os mirei com os olhos esbugalhados,
Pois ao vê-los senti todos os meus pejos.
Mais à frente avistei o estande da tristeza.
Que se agitava na mais curiosa liquidação.
Cheguei até lá e então prestei mais atenção.
E vi que ofertava a saudade e a incerteza.
Com seu gentil atendimento especializado,
De quem conhece o potencial comprador,
Pois já carrega estampada a própria dor,
E com um crachá se faz logo identificado.
Fui atendida e me vi com as mãos cheias
De sacolas transbordantes de lamentos.
É que na feira dos saudáveis sentimentos
Ninguém liga pr’as necessidades alheias.
A indiferença também me virou as costas.
Até mesmo o ódio me olhava amaldiçoando.
A fé me observava como que se lamentando.
Só a tristeza foi que me fez suas propostas.
E eu aceitei porque em termos de ofertas.
O que você quer quase nunca está à venda.
O que não quer já lhe é dado em oferenda.
E são estas as minhas tristes descobertas.
Adriribeiro/@adri.poesias