Será que pra você é assim também?

Melhor que antes fosse tarde no cedo demais.
Pra tais flores nunca mais desabotoarem em longa primavera de gelo em suas veias.
Em comprimento baseado na sua silhueta,
descansa meus ouvidos cansados de viver na plena escuridão que brota nos meus caminhos nulos.

Ninhos, milhos, brotaste em meio seio da manhã de longa alvorada,
num requinte desconfortável e nu.
Onde orvalhos desgrudam das gotas que resvalam.
Teus seios, vinho e queijo.
Meus olhos nunca foram azuis. Eu sei.
Engano seu.

Meus tormentos antes de dormir
me vem à cabeça, sem deixar eu rir
de qualquer ato ou lembrança que me leve
às confortáveis esperanças e falsos acontecimentos que me espreitam aqui.

Lhe idealizo, como uma tal perturbação, sem calma.
Te transformo em litros de lágrimas engarrafadas,
com datas de validade indeterminada.
E termino lhe transbordando
por entre pálpebras e noites que não vi nenhuma escuridão se esvair motivado a nada.

Como sou covarde,
não me esqueço de que sou uma projeção das feridas que virei.
Contornei cicatrizes em mérito próprio,
pra nenhum outro bem.
Cavei, cavei pra sair. E tudo que encontrei foi tentativas de outrem.

Sinto os meses cruzando meus pelos como uma faca.
Fazendo um ano de desgraça, que você desapareceu de mim,
mas não em mim.
Meus planos desapareceram,
e a vida só soube me cobrar mais,
me cobrar mais a dívida que eu tinha com sentir demais.

Melhor que antes fosse cedo no tarde demais.
Pra tais beijos nunca tivessem acontecido,
e quais marcas ainda guardam nos bolsos teu riso.

Em um afrontamento baseado em suas pregas vocais,
intimidador quanto a tarde querendo se pôr.
Não fui muito mais... se você bem quer me entender, me entenda que não sou nenhum tipo de natureza intragada em suas vias respiratórias.
Sou fósforo de um hotel barato, em beira de estrada,
em beira mar, em canto no qualquer canto dos lagos que me encontrar.

Sono lento, de atravessado em minha garganta. Gritando por mais um dia que fosse, e que fosse belo mesmo assim quem trouxe.
Não pudéramos ver a beleza das coisas,
enquanto ocupávamos lugares vazios em cadeiras plásticas. Tolice.
O inarrável, o insoletrável, o tolerante e o tolerado.
Somos conversas sufocadas por vergonha ou timidez desamparada.

Que meus versos, tais versos me desabam. Caem pra cima e abaixo..abaixo um sinado se quer meu nome em teu chapéu.
Cumprimentando com um aceno,
quais noivas em belas plumas brancas de areial.
Pombas voando em alto mar, procurando qualquer carniça e peixe morto pra morar.
Cada um tem seu lugar.

Antes fosse nunca no jamais.
Pra tais flores nunca voltassem a desabotoar os botões de sua camisa.
E nunca mais se deitar na mesma cama que compartilha.
Sua roupa limpa, um desflorescer lento.
Havia cheiro de pêssegos frescos em teus pelos.

Em quais bolos ainda guardaste teus anos.
Por mais bela que fosse, me causou diversos atritos e arrobas no peito.
Não acredito mais no amanhã ou no significado do seu nome.
Me tornei lenda em livros imortais na biblioteca,
e nos livros de História.

Me sigo calado.
E me atenho em pensamentos errados.
Será que você pensa ?
Haviam centenas de amanhãs pra florir,
morrendo calado em teus tímpanos ensurdecedores.

Canto desafinado uma canção no chuveiro,
o vapor borra todo o espelho,
e não existe nenhum nome grifado no calor das letras
e pedidos de desespero,
escritas no reflexo da imensa eternidade.

Já faz um tempo que eu queria lhe falar isso...
mas o tempo não queria ter me dito.
Somos dúvidas. Dicionários incompletos não preenchem o vazio no canto de casa.

Mas a falta...
ela entorna garrafas
e tira do tom qualquer peito soletrando em desespero, gritando,
quase não acreditando na desgraça,
ou na vida.

Uma voz desafinada ecoa.
Um peito brando à lança revoa.

Será que pra você também é assim?

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