Poemas, do amor à indiferença!
Poema que ontem me conquistara
Farto de estrofe e verso rimado
Que ao ego do poeta alimentara
E em suspiro se convencia, ousado
Poema que se prestara ao amor
Abundante de sentido e nobreza
Que em presságio, denunciara dor
Mas em perspectiva, garantia pureza
Poema que evidenciara o momento
Escasso de virtude e estabilidade
Que em suas linhas, promovia engajamento
Mas nas entrelinhas, a própria iniquidade
Poema que se perdera na exposição alheia
Repleto da própria vaidade e promiscuidade
Que se atentara apenas para a própria aldeia
E foda-se o resto; pra que hombridade?
Poema que agora, até pudera ser de rancor
Intenso porém o meu coração se afaga
Que o condena a um poema-momento, sem cor
E faz do passado, o fácil que se apaga
Poema que enfim, como a vida, sou escritora
Demasiadamente livre e consciente
Que não precisa sequer de editora
E para o poeta de outrora; viva! Sou indiferente.