Ode de Despedida
Talvez seria um ode de despedida
Se coubesse assim uma real partida
Se houvesse simplesmente melodia
Nestas torpes palavras vazias
Estranho enredo do amor maldito
Tão enlouquecido que morrera jovem
Fora banido e jamais esquecido
Das lembranças mais caudalosas
Ofereço-lhe este ode de despedida
A ti, que nem sequer ficou e se foi
A alguém que tentou mas fraquejou
E que apenas fez alastrar-se a ferida.
Fiz uma canção jamais esquecida
Naquela tarde de primavera
Dos raios de sol entrando pela janela
E das carinhas doces envaidecidas
Era aquilo que ele um dia sonhara
As ilusões fora o nosso estranho alimento
E eu, bandida esperta sempre duvidara
Das intenções mais torpes de sentimentos.
Deixei-me embriagar em tua bebida forte
E das quentes iguarias de teu paladar
Por que não brincar com a sorte
Nas perdições de teu doce manjar?!
Ofereço-lhe um canto de despedida
A ti, que jogou e não soube ganhar
Um alguém que passou e não quis ficar
A um poeta qualquer que não soube amar.
(Michele de Vênus, 9 de fevereiro de 2015)