Âncoras Pretéritas

E todas as coisas que deixei de dizer

ficaram entaladas aqui dentro,

e todas as coisas que temi dizer

soltei ao léu dos ventos.

E todas as coisas que eu disse e

você não ligou ou fingiu,

E todas as coisas que você me disse

e eu fingi que não liguei, agora estão aqui,

como se você me presidisse.

E todas as palavras que preferi guardar para mim,

por medo,

transformaram-se em âncoras do pretérito

pois uma vez lançadas ao mar,

dificilmente, voltarão ao ar.

E todas os sentimentos que eu não quis demonstrar,

percorrem o meu corpo e o fazem retrógrado a você.

eu sempre estive ali,

como ousou fingir não me ver?

E todas as frases que eu podia ter te dito,

transformaram-se em âncoras pretéritas,

que uma vez lançadas ao mar,

fazem-me querer de um navio muito alto saltar,

para poder a pegar e te mostrar,

Pois, desse modo, quem sabe assim você não possa me perdoar?

E todas aquelas coisas que eu não te contei agora me

assombram, corroendo-me, deixando-me em ruínas.

Todo meu amor escondido, eu não pude te mostrar,

pois são como âncoras pretéritas jogadas ao mar

e a oportunidade que eu tinha de te amar,

nunca mais

irá voltar.