Filha de Hera

Contrariando o meu instinto solitário.

Por matrimônio me tornei sua senhora.

Mas logo o ciúme do seu vício ordinário.

Fez meu amor desiludido ir-se embora.

Da minha mãe Hera eu herdei a ansiedade.

Pois meu ciúme me tornou persecutória,

Vigilante e insegura a praticar a crueldade.

E sua traição foi só o início dessa história.

Tal como a Deusa da fidelidade conjugal,

O meu ciúme foi do zelo ao tolo egoísmo.

Como humana carrego a cruz do ser carnal.

De ser traída e maltratada com o machismo.

Apesar de bela não aprendi com Afrodite,

A despertar e até prender com sua luxúria.

Com a Deusa Hera, ainda que não acredite,

Aprendi a rejeitar sua conduta mais expúria.

Hoje não sofro mais a sanha da cobrança.

Não o ignoro mas também já não o persigo.

Talvez o ame mas é um amor sem confiança.

E toda mágoa que ainda guardo na lembrança.

Eu sinto muito mas esquecer já não consigo.

Tirou-me a fé e o que restava de esperança.

Adriribeiro/Adri.poesias

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 26/11/2020
Reeditado em 06/12/2020
Código do texto: T7121234
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