Filha de Hera
Contrariando o meu instinto solitário.
Por matrimônio me tornei sua senhora.
Mas logo o ciúme do seu vício ordinário.
Fez meu amor desiludido ir-se embora.
Da minha mãe Hera eu herdei a ansiedade.
Pois meu ciúme me tornou persecutória,
Vigilante e insegura a praticar a crueldade.
E sua traição foi só o início dessa história.
Tal como a Deusa da fidelidade conjugal,
O meu ciúme foi do zelo ao tolo egoísmo.
Como humana carrego a cruz do ser carnal.
De ser traída e maltratada com o machismo.
Apesar de bela não aprendi com Afrodite,
A despertar e até prender com sua luxúria.
Com a Deusa Hera, ainda que não acredite,
Aprendi a rejeitar sua conduta mais expúria.
Hoje não sofro mais a sanha da cobrança.
Não o ignoro mas também já não o persigo.
Talvez o ame mas é um amor sem confiança.
E toda mágoa que ainda guardo na lembrança.
Eu sinto muito mas esquecer já não consigo.
Tirou-me a fé e o que restava de esperança.
Adriribeiro/Adri.poesias