A COR DA DECEPÇÃO

A COR DA DECEPÇÃO

Era de branco caiada a minha grande ilusão

Ficou de cinza pintada a minha desilusão

Eram rosa os sonhos que trazia no coração

Eram negros os abismos onde nasceu a traição.

Eram verdes os prados da minha imaginação

Incolores e angustiantes os campos da solidão

Era purpura o cio da emoção

Sangue, vermelho cor da paixão

Era meiga a mão de deus que me amparava

Ameaçadora a voz do demónio que me tentava

Era cega a covardia

Era louca a ousadia

Era surda a maldição

Era timbrada a voz da razão.

Era infalível o Deus a quem pedia perdão

Era justo o Deus da minha criação.

Eram maduros os óvulos prontos a fecundar

Era virgem o sémen que os iria engravidar

Era branca a fonte da minha inspiração.

Violeta a cor prepotente da minha alucinação

Pintei a decepção de um suave dourado

Despi-me de preconceito

Esconjurei o diabo

Enfeitei-me a preceito

Lavei o sorriso amarelo

Arranquei-te do coração

Do sangue em ebulição

Agora vivo…numa doce sensação.

Fiz um funeral pomposo à cor da decepção.

Natal, 12/11/2010

Maria Tecina

Maria Tecina
Enviado por Maria Tecina em 20/11/2020
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