DESALENTO

Eu me chamo TRISTEZA, meu viver é o VAZIO.

Eu resido no TEMPO, o meu rumo é a VIDA.

Minha casa é a SAUDADE, minha mágoa é sentida,

SOLIDÃO é meu pouso e me cubro de FRIO.

Minha idade se conta pela conta das penas.

Sou atriz do teatro chamado ABANDONO.

Sem nome é a peça, sem fim e sem dono,

ANGÚSTIA E PRANTO E DOR são seus temas...

Só vêm em meu rosto alegria e sorriso.

(sou atriz, não se esqueçam, o meu nome é TRISTEZA).

Guardo em meu peito inquieta incerteza.

Coloco a máscara só quando é preciso...

Da platéia recebo uma salva de palmas,

Mas não sabem que choro em oculto e segredo,

Que estou do AMOR neste longo degredo,

Gargalhando a todos, soluçando em minh’alma...

Janeiro de 1971

Recém viúva

Rachel dos Santos Dias
Enviado por Rachel dos Santos Dias em 27/10/2007
Código do texto: T711577