O QUE FAZER COM A MEDIANIA?

Ela me olha aonde eu vou

Ela senta nos meus assentos

Ela fala como pretenso sábio interlocutor

Ela pergunta: por que anda trocando

a prosa por poema?

É instinto!

Não desejo mais que um ou dois seletos

Cheguem a minha essência;

pois enquanto minha essência e não

algo dado

obviamente, só é tirada de mim

(quando a olham e a tocam)

Prefiro meu jeito – de cultivá-la

E desta vez é a sério: sem acidentes

E então, aforismático? Suas necessidades vêm crescendo... O que fazer com a vil ania?

Fá-la morder a isca!

Que leva a seu fel.

Nunca hoje, mais, ando encontrando a parceira. Havia de ser mulher não-de rebanho. Essas meninas do campus são todas novinhas. Umas virgens ou depravadas! Eis um campo sem direito a parcial. Enfado-me tanto mais quanto venço a mim mesmo todos os dias e coleciono troféus! Sei que durante alguns momentos sou visto como deus. Minha próxima vitória é ampliá-los.

Sei, outrossim, que meu sistema psicomotor e as dificuldades impedem que eu deixe de cometer alguns deslizes. Ah, o sono... Essa peste que me detrata... Se eles são gatos, eu sou o velhinho que escarra...

Aliás, em Camus há sempre um sádico de animais!

Eu sou o sádico do meu zoológico e da minha veia esquerda. Quanto mais faço bocas cessarem de falar me comprazo do meu desprezo.

Quem é a próxima vítima...

1... 2... 3... Testarei algo...

Calarei a boca e não citarei mais Nietzsche.

O primeiro que encher a boca... e perguntar dele, como bem fazia outro – ou se utilizar de bordões nefastos – teria preferido um sopapo...

Estou farto dessa herança desse dogma de participações...

Com quem eu mantiver interesses de segunda ordem esta regra não vale – ainda sei ser econômico no senso cristão!

Quero testar mais que qualquer coisa ali onde o cansaço de qualquer modo me neutraliza... O silêncio – o velho silêncio – na mesa do bar... E nada súbito. Distanciamento gradual, o melhor... Adeus, rostinhos – já bastou de confidências.

(Composta em 2008.)