Medo do Uraricoera

Afirma que na poesia só deseja falar de amor.

Mas "há uma gota de sangue em cada poema".

Diz Mário Sobral. Ou é "de Andrade" o autor?

Tanto faz! No final o que importa é o esquema.

Nos versos é "a escrava que não era Isaura".

Mas poucos entendem o que ela vive dizendo.

Nem mesmo nos deuses a sua fé se restaura...

Mas no versificar a sua vida vai descrevendo.

Está cansada de ouvir dizer que é bobagem

Querer a atenção à qual pensa ter o direito.

Se sua saudade vive a lhe exigir a coragem

De manifestar o amor, ainda que imperfeito.

E pede licença ao poeta que faz aniversário

Para "escrever o que seu inconsciente grita".

Mesmo que devas voltar para dizer o contrário.

Tentando desdizer tudo o que ela acredita...

Rogando que a noite escura da lua sangrenta,

Pai de Macunaíma, controle o seu Uraricoera.

Para que a Tapanhumas, que dele se alimenta,

Não geste o terrível medo nessa criança fera...

Para que ela deveras seja o herói da quimera

E ajude esta alma a vencer o que a atormenta.

Adriribeiro/@adri.poesias

Poema em homenagem ao aniversário de Mário de Andrade e uma forma de menção ao combate à Depressão.

Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 09/10/2020
Reeditado em 04/02/2022
Código do texto: T7083826
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