Medo do Uraricoera
Afirma que na poesia só deseja falar de amor.
Mas "há uma gota de sangue em cada poema".
Diz Mário Sobral. Ou é "de Andrade" o autor?
Tanto faz! No final o que importa é o esquema.
Nos versos é "a escrava que não era Isaura".
Mas poucos entendem o que ela vive dizendo.
Nem mesmo nos deuses a sua fé se restaura...
Mas no versificar a sua vida vai descrevendo.
Está cansada de ouvir dizer que é bobagem
Querer a atenção à qual pensa ter o direito.
Se sua saudade vive a lhe exigir a coragem
De manifestar o amor, ainda que imperfeito.
E pede licença ao poeta que faz aniversário
Para "escrever o que seu inconsciente grita".
Mesmo que devas voltar para dizer o contrário.
Tentando desdizer tudo o que ela acredita...
Rogando que a noite escura da lua sangrenta,
Pai de Macunaíma, controle o seu Uraricoera.
Para que a Tapanhumas, que dele se alimenta,
Não geste o terrível medo nessa criança fera...
Para que ela deveras seja o herói da quimera
E ajude esta alma a vencer o que a atormenta.
Adriribeiro/@adri.poesias
Poema em homenagem ao aniversário de Mário de Andrade e uma forma de menção ao combate à Depressão.