Dispensável entender

Não preciso pensar em você

para chorar toda a chuva,

Mesmo que ela não se faça

de nuvens em alta temperatura

e nem se avoluma...

em busca de águas mais profundas...

Até encharcar toda a terra

destronando o corpo da moldura

que pôs fim à festa.

Nem professar uma religião

Queimando dúzia de velas

Que transporte a alma deste

Para um lugar qualquer...

E dê protagonismo às mãos

De um artesão enquanto modela

Não preciso ler um clássico

Para assistir-me num duelo

Nem beber do seu vinho

Para saber que falhei

Quando rabisquei todos os versos

Feitos de palavras sem voz

E me pus a passear no céu da boca...

Ignorando o tempo

Que em vigília dormia em nós

Luzineti Espinha
Enviado por Luzineti Espinha em 15/09/2020
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