LEMBRANÇAS DO PRAZER
 
Meus olhos cansados de amor fútil
Pesquisam vultos na noite serena
Embora a solidão possa me ser útil
Busco a carícia que não envenena
 
Meus dias perdidos na embriaguez
De quem não sabe dosar o mergulho
Do homem que se choca na solidez
Do que era música, agora só barulho
 
O coração vazio se contrai em sua dor
Não fala o que o poema precisa dizer
Não consegue captar o aroma da flor
Está entregue às lembranças do prazer
 
Das noites vividas em lugares insanos
Trago os rasgos na alma de unhas frias
Que trituraram todos os meus planos
Que apagaram a ardência das utopias
 
Meus olhos calcificados pela desilusão
Já não enxergam as portas entreabertas
As paredes não absorvem minha aflição
Quando eu toco minhas feridas abertas

 
Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 03/09/2020
Reeditado em 03/09/2020
Código do texto: T7054061
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