A carne do amor...
Do amor, nada sei demais.
Procuro-o em todas as estrofes destes versos
e venço-me, no vencido da força do vento
que me leva ao meio do deserto, meio ao tempo,
de onde nada enxergo e,
desatento, canto a canção do choro.
Ando pelas estradas da procura
e sou meio poeta, meio poema tonto...
a desaprender do amor
em tudo que desensina a dor que me proclama.
Passos contados,
vida vivida na vívida aurora,
onde não me lembrei de contar as horas...
as tais que me desensinaram do mundo.
Amar a carne é iludir-se com o coração,
entregar-se, beijado, com as duas mãos,
olhos vendados sem ver o caminho
por onde os pés da alma caminharão,
sem a pressa de chegar,
com um tempo incerto para se acabar,
sem caber, na vida, qualquer lição.
Se em novo encarne eu reviver,
amar-me-ei sem sofrer,
para aprender a viver amando
sem soluços dos prantos
e as incertezas dos passos e do chão.
Em todos os instantes que me abraçar a vida,
Amarei sem despedida:
Tudo o que me amar com o coração.
Poema inédito (30/08/2020)
Paulino Vergetti