Lamuriante
Longe do teu olhar,
sinto que as meninas
dos olhos meus
se entristecem,
e, lacrimosas,
jorram desvairadamente
nas miudezas vistosas
que coloriam o meu dia
de ardorosas rimas.
Ah! Meu amado...
Traz de volta o favo
dos lábios teus!
Vem... Acalenta a minh’alma
entoando a nossa canção-poesia,
faz de mim a tua estimada lira!
A vil solidão almeja me endoidecer;
eu estremeço ao ouvir o seu sibilar
teimosamente insinuante,
afirmando erroneamente que tu,
oh, meu bem, se foi para sempre.
Não admita tal calúnia!
Não ouse vestir-se de mudez,
pois quem cala, consente.
Se ao menos o arrebol te trouxesse
após irradiar o desabrochar do sol...
Maldito astro-rei, me ignorou outra vez!
Lamuriante, padeço do mal enervante
que é cobiçar o amante há muito ausente.