Lamuriante

Longe do teu olhar,

sinto que as meninas

dos olhos meus

se entristecem,

e, lacrimosas,

jorram desvairadamente

nas miudezas vistosas

que coloriam o meu dia

de ardorosas rimas.

Ah! Meu amado...

Traz de volta o favo

dos lábios teus!

Vem... Acalenta a minh’alma

entoando a nossa canção-poesia,

faz de mim a tua estimada lira!

A vil solidão almeja me endoidecer;

eu estremeço ao ouvir o seu sibilar

teimosamente insinuante,

afirmando erroneamente que tu,

oh, meu bem, se foi para sempre.

Não admita tal calúnia!

Não ouse vestir-se de mudez,

pois quem cala, consente.

Se ao menos o arrebol te trouxesse

após irradiar o desabrochar do sol...

Maldito astro-rei, me ignorou outra vez!

Lamuriante, padeço do mal enervante

que é cobiçar o amante há muito ausente.

Jeane Tertuliano
Enviado por Jeane Tertuliano em 12/08/2020
Reeditado em 12/08/2020
Código do texto: T7033415
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