COLIBRI

Eu tive muitos amores

como quem cultiva flores

mas não sei quais mais amei.

Como jardineiro sem jardim

cultivei-as mesmo assim

flores que não se dão.

Mas quem nunca não tivera

desses anseios de quimeras

ceifados em arroubos d’outros jardins?

Ah, eu tive sim

e as quis só p’ra mim,

amores que em vão se perderão!

Eu tive muitos amores

com todos aromas de flores

mas não sei às quais mais me entreguei.

Perdido em noite de delícias,

seria a alcova o meu divã?

Rendido às paixões impudicas,

transformando o amor em coisas vãs!

Eu tive muitos amores

de todos os encantos que fores

somente eu sei como as deixei!

Como desejoso colibri

de flor em flor me perdi

na vil busca da fuga fugaz!

Não por crer ser efêmera

tão pouco ver a existência, pequena,

mas em tornar a vida a sina que vivi!

Sem saber para quê eu vim

tomando todo o não como um sim

e da alcova a cova que eu jaz!

Eu tive muitos amores

que me restam pétalas em dores

somente eu sei quem me tornei!

Leonir Garcia
Enviado por Leonir Garcia em 07/08/2020
Reeditado em 14/08/2020
Código do texto: T7029252
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