Ciclo
Joguei as tintas
para que ficassem verdes as folhas.
Pesadas estalavam secas, amarelas
como as tardes quase frias,
nas bocas vazias,
nos abraços com todo o espaço.
Espaço sempre vago,
queimado pelo sereno,
desbotado pelas tintas sem cores,
frio na ausência de vida.
Uma tela sem retoques, inacabada
no leilão falsificado.
E por um tempo a mais,
sem que as tintas fossem iguais,
o verde cairia bem sob o azul do céu,
enquanto a mistura de nossas cores
faria tantos sabores,
que as folhas flutuariam verdes.
O outono ficaria inibido.
Não teríamos fugido.
Você não seria uma espera, uma procura.
Nossos pés teriam uma só marca.
Nossas mãos, um só tato.
Enquanto eu não seria.
Não seria o que sou.
Um nada ao quadrado
que acompanha o giro da esfera,
preso a gravidade dos fatos,
sem semblante, um rosto
apenas, um corpo vinculado ao sistema,
que já nem sei se é lunar ou solar,
em fases tão decadentes.
Joguei as tintas
para que ficassem verdes as folhas.
Pesadas estalavam secas, amarelas
como as tardes quase frias,
nas bocas vazias,
nos abraços com todo o espaço.
Espaço sempre vago,
queimado pelo sereno,
desbotado pelas tintas sem cores,
frio na ausência de vida.
Uma tela sem retoques, inacabada
no leilão falsificado.
E por um tempo a mais,
sem que as tintas fossem iguais,
o verde cairia bem sob o azul do céu,
enquanto a mistura de nossas cores
faria tantos sabores,
que as folhas flutuariam verdes.
O outono ficaria inibido.
Não teríamos fugido.
Você não seria uma espera, uma procura.
Nossos pés teriam uma só marca.
Nossas mãos, um só tato.
Enquanto eu não seria.
Não seria o que sou.
Um nada ao quadrado
que acompanha o giro da esfera,
preso a gravidade dos fatos,
sem semblante, um rosto
apenas, um corpo vinculado ao sistema,
que já nem sei se é lunar ou solar,
em fases tão decadentes.