Trago a Voz
Não vos trago flores
Muito menos os trôpegos amores
Dos quais os meus falam sobre
Não vos trago a alegria e felicidade
Sobre a qual erigiram redômas de ouro
Não vos trago a bondade inexistente
Nas almas humanas
Não vos trago a beleza ideal
Da bela dama que guia a liberdade
Não vos trago alvas tinturas
Que recobriam os desenhos de iluminuras podres
Não vos trago o semblante divino
De um alto ser piedoso
-Aqui sou meu alto ser, maldito e indecoroso
Trago a vós o desespero
A dor e a agonia
Trago a vós a verdade sobre o mundo
As coisas nojentas da humanidade
Trago a vós maldições
Que não vos contam nas canções de amor
Trago a vós a representação do mal
Do desejo carnal que nos consome
Trago a vós a voz dos oprimidos
Dos servos putrefatos da miséria humana
Trago a vós a sensação de horror
Que simboliza vossa vida
Trago a vós a realidade
Não a estupidez da ignorância
Trago a vós sobretudo a verdade
O fado horrível da humanidade
Trago a vós o sentimento de desespero
A luz fétida do conhecimento
Trago a voz a noção da ignorância
A percepção de nossa inconstância febril
Trago a vós os fatos
A elegia contemporânea
Trago a vós a noção mundana
Sem a idealização do sentimentalismo natural
Trago Voz aos povos
-Esquecidos pela arte e pela verdade dos mais novos