QUEBRANTO

Um músculo arraigado

Em meu peito é prisioneiro

Inóspito por conta do âmago

Na cercania fez um aceiro

Coabita numa alcova

Admoesta o frio sangue

Na latente rotina modorra

De sentimentos segue inane

Blindado por paredes

Mas de natureza frágil

Defere do seu gabinete

O que chega pelos átrios

Teima em ser esquálido

E moteja até o absurdo

Eis o erro que é plágio

No ápice pontiagudo

Teu cálice é rubro

O pulso é o teu rumor

Ainda a procura do seu fulcro

Vai empalidecendo o tom bordô

Exprime pelas lágrimas

Dialoga com o silêncio

Sua entrega é dádiva

De módico a distenso

Oráculo e ventríloquo

Poeta e compositor

Doutor no epílogo

Exímio orador

Quando perece combalido

Perde o vigor de esponja

Tem no aspecto de vidro

O lastro da vergonha

Heloi Lima
Enviado por Heloi Lima em 13/07/2020
Reeditado em 13/07/2020
Código do texto: T7005073
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