QUEBRANTO
Um músculo arraigado
Em meu peito é prisioneiro
Inóspito por conta do âmago
Na cercania fez um aceiro
Coabita numa alcova
Admoesta o frio sangue
Na latente rotina modorra
De sentimentos segue inane
Blindado por paredes
Mas de natureza frágil
Defere do seu gabinete
O que chega pelos átrios
Teima em ser esquálido
E moteja até o absurdo
Eis o erro que é plágio
No ápice pontiagudo
Teu cálice é rubro
O pulso é o teu rumor
Ainda a procura do seu fulcro
Vai empalidecendo o tom bordô
Exprime pelas lágrimas
Dialoga com o silêncio
Sua entrega é dádiva
De módico a distenso
Oráculo e ventríloquo
Poeta e compositor
Doutor no epílogo
Exímio orador
Quando perece combalido
Perde o vigor de esponja
Tem no aspecto de vidro
O lastro da vergonha