ARQUÉTIPO

Julgando-se acima do bem e do mal,

não importa se o homem ao lado está certo ou errado,

a pele é seu documento, seu valor é a cor.

Deseja que a vida lhe sorria e o guarde na bolha dourada

dos que trilham a mesma estrada.

Ficou no armário esperando o tempo necessário pra voltar a subjugar com seu asco as maçãs que não eram embaladas com papel azul dos seus olhos.

Enquanto as correntes da dissimulação o prendiam no seu arado de enganos, na penumbra, se preparava pra rasgar o pano que mascarou seus passos. Nunca tirou chapéu para os pobres, a quem trata com desprezo igual aos que lhe parecem inferior ao seu pedestal.

Sentindo-se superior à mulher e ao proletário voltou com armadura de ferro, blindado pelo falso heroísmo dos que se acham eternos.

Seu arquétipo de raça pura o faz crer que a altura é sua moradia,

sem saber que a agulha começa a furar a bolha.

Orlando Alves Ribeiro
Enviado por Orlando Alves Ribeiro em 13/07/2020
Reeditado em 03/11/2021
Código do texto: T7004279
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