ARQUÉTIPO
Julgando-se acima do bem e do mal,
não importa se o homem ao lado está certo ou errado,
a pele é seu documento, seu valor é a cor.
Deseja que a vida lhe sorria e o guarde na bolha dourada
dos que trilham a mesma estrada.
Ficou no armário esperando o tempo necessário pra voltar a subjugar com seu asco as maçãs que não eram embaladas com papel azul dos seus olhos.
Enquanto as correntes da dissimulação o prendiam no seu arado de enganos, na penumbra, se preparava pra rasgar o pano que mascarou seus passos. Nunca tirou chapéu para os pobres, a quem trata com desprezo igual aos que lhe parecem inferior ao seu pedestal.
Sentindo-se superior à mulher e ao proletário voltou com armadura de ferro, blindado pelo falso heroísmo dos que se acham eternos.
Seu arquétipo de raça pura o faz crer que a altura é sua moradia,
sem saber que a agulha começa a furar a bolha.