AS LÁGRIMAS DA PÊRA NUA
AS LÁGRIMAS DA PÊRA NUA
Marília L. Paixão
Deixei nua a pêra dos meus olhos
A que você enxerga como um animal feroz
e faminto
Em cada canto de olho fechado eu também te sinto
e sinto muito sem pressa enquanto você se apressa
Nem percebe o quanto lhe vejo bem
Como um vilão das lágrimas primitivas
desatará o nó das últimas que rolará até os pés
Se fechar os próprios olhos talvez as perceba ao tocar o joelho
Caso se volte para os meus olhos talvez nem sinta a falta delas
mais incertas que belas
mais frias que ternas
Está lacrado o romance em que era o ídolo
Está se recompondo a pêra que antes você despia
Se vestirá com as cascas do fim do choro
Banhar-se-á em novo ouro e não mais se deixará descascar pelas mãos suas.