AS LÁGRIMAS DA PÊRA NUA

AS LÁGRIMAS DA PÊRA NUA

Marília L. Paixão

Deixei nua a pêra dos meus olhos

A que você enxerga como um animal feroz

e faminto

Em cada canto de olho fechado eu também te sinto

e sinto muito sem pressa enquanto você se apressa

Nem percebe o quanto lhe vejo bem

Como um vilão das lágrimas primitivas

desatará o nó das últimas que rolará até os pés

Se fechar os próprios olhos talvez as perceba ao tocar o joelho

Caso se volte para os meus olhos talvez nem sinta a falta delas

mais incertas que belas

mais frias que ternas

Está lacrado o romance em que era o ídolo

Está se recompondo a pêra que antes você despia

Se vestirá com as cascas do fim do choro

Banhar-se-á em novo ouro e não mais se deixará descascar pelas mãos suas.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 18/10/2007
Código do texto: T699676
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