PERFÍDIA
O teu desprezo fez
corroer meu pensamento
cerrou cortinas de ferro
misturou-se ao desalento
foi capaz de envenenar
o meu mar de ego bento
Pôs-me em cárcere privado
quando pensei que me amasse
Não cuidaste que era eu
quem estava no impasse
apertou meu peito como
se eu pedisse que marcasse
um lanho em minha alma
com o punhal do teu disfarce
Carinho, ah que carinho!
teu carinho é uma espada
com dois gumes afiados
golpeou desapiedada
no teu sestro assassino
converteu o tudo em nada
Aí caí em teus braços
incapaz de me livrar
nem eu, nem meu próprio peito
do teu vil dissimular
ao querer mudar o mundo
faz o petardo estourar
e o meu coração ingênuo
em pedaços vai ao ar.