Lamento de poeta
Sei que tenho estado meio distante...
Tenho buscado inspiração
como todo poeta o faria.
Postei-me de papel nas mãos
isolei-me dos tons e sons.
Meu olhos varreram os mínimos detalhes.
Tentei buscar o fundo das coisas...
Das flores, da música e das cores.
Não tenho escrito aquelas palavras!
Me fiz guardião das noites
fiquei pra esperar as estrelas...
Meus poemas tornaram-se quase invisíveis!
Meu dilema disputa comigo como um ferrenho
oponente.
Será que o poeta em mim, está fora de si!?
Ontem rasguei dezenas de folhas.
Nelas estavam escritos versos ocos
extremos vacilos a rima.
Tentei construir idéias concisas.
Procurei escrever como um bom moço,
mesmo que fossem poesias imprecisas.
Não conseguia sequer agarrar-me ao
fio da meada.
Meu o sentimento corria de mim
como uma caça desesperada...
Eu era caçador de arma emperrada
Cadê a poesia? Nada, nada de nada!
Construí frases absurdas!
Mordi os lábios, tentando lembrar fatos
imagens diluídas pelo tempo.
Repassei velhos documentos
ouvi até os sons de Beethoven
que não ouviu!
O poeta sumiu!
Na verdade, pelo que vejo;
perto de um poeta, não
passo de rascunho ou de ensaio
Peço mil desculpas
sei que um poeta é inevitavelmente
desculpável!
Agora, devo voltar à realidade!
Sou de fato um escrevinhador.
Aprendiz da arte da busca do bem viver.
Sou um sujeito sem maldade,
que busca de jeito desesperador,
uma fórmula de aprender
apenas escrever...