Vagueando



Hei de encontrar um afago amigo,
a mão estendida que me apoiará,
e pelas vielas escuras,
olhos que iluminarão meus passos.
Tudo se faz fechado;
são obscuras as passagens.
Perco-me nos espaços existentes.
Ontem pelas ruas,
tudo me era estranho e mórbido;
as pessoas vazias, nuas,
circulavam sem rumo.
Me vi entregue ao mundo,
suspenso em torres de papel
supurando medo.
Ontem me vi pelas igrejas
derramando fé.
Lentos foram os passos,
veloz veio a noite,
forte nasceu o pavor,
apenas o pensamento seguiu rumo certo;
buscou mãos que me falavam,
mãos que me davam segurança.
Calei, as lágrimas fizeram a festa,
o pensamento foi, voltou,
mas eu continuava perdido,
só, no que me restou de vida.