VENDIDA...

[Para Zélia que um dia conheci linda,

depois... Há décadas se foi para sempre!]

Encontrei-te um

Dia na vida

Por algum motivo

Eu te quis

Eras linda e eu

Apaixonei-me

Eu não sabia que

Eras de muitos...

Corpo perfeito, belo

E longos cabelos

Tudo em ti era da

Mais pura safra

Que achado fantástico,

Eu logo pensei

Mas não imaginei

Que não estava só.

Levei-te a festas,

Apresentei-te a outros

Chorei por ti

Desesperadamente, chorei

À noite nós dois numa

Só rede de algodão

Nós dois... Muitas

Viagens e aventuras

Sempre te vi minha e

Somente minha

Na tua casa... Quantas

Vezes, nós dois

Quando te disse que

Partiria pra longe

Lembro, como chorastes

Debruçada em mim.

Senti tuas lágrimas

Quentes a molharem

O meu corpo...

Aquela noite, foi triste

Senti pena de ti,

Acreditei que era verdade

Pensei que teus

Sentimentos eram só meu.

Anos depois, quando

Eu voltei ao mesmo

Lugar onde fomos

Felizes algumas vezes

Quase não te reconheci!

Estavas diferente.

Não é ela, imaginei...

E o longo cabelo?

E o rosto angelical?

O corpo... O sorriso?

Parei ao teu lado,

Viestes pensativa, eu vi

Pensavas que eu era

Assim mais um cliente

E me olhastes como

Quem pede mil perdões.

Eu nada disse, apenas

Olhei-te, sem querer...

Sem querer acreditar!

Estavas vendendo

Aquele corpo especial,

Trocando por vil metal.

Na rua, alta madrugada,

Para qualquer um.

Eu conhecia muito,

Muito bem aquele lugar

Eu por anos morei

Nas proximidades ali do

Cemitério são José,

Praça do instituto de

Educação Antonino

Freire... Os trilhos...

És tão linda, te achei

Sempre inteligente

E nunca imaginei

Que te encontraria

Prostituta, perdida

Numa rua sem saída

Pobre mulher, péssima

Escolha na vida.

Poeta Camilo Martins

Aqui,hoje,02.12.08